Um estudo da respeitada Clínica Mayo (EUA) indica que idosos que mantém uma dieta rica em carboidratos são quatro vezes mais propensos a desenvolver transtorno cognitivo leve (TCL), um precursor para a doença de Alzheimer. Dietas ricas em açúcar também aumentam o risco.
Por outro lado, dietas ricas em proteínas e gorduras boas parecem oferecer alguma proteção aos mais velhos: os idosos que
consumiam bastante dessas classes de alimento eram menos propensos a sofrer declínio cognitivo.
No Brasil, estima-se que haja 1 milhão e 200 mil pessoas com Alzheimer. Outras pesquisas estimam que 6% dos 15 milhões de idosos brasileiros sofram com a doença.
Enquanto nem todos com comprometimento ou transtorno cognitivo leve desenvolvem Alzheimer, muitos acabam, de fato, com a doença. Pesquisas anteriores sugeriram que 10 a 15% das pessoas com TCL desenvolvem demência todos os anos.
TCL é definida como a perda de memória aparente para o indivíduo e aqueles à sua volta, mas com ausência de sintomas de demência, como mudanças de personalidade e humor.
Especialistas afirmam que é importante identificar as pessoas com TCL, pois eles podem estar nos estágios iniciais da doença e mais susceptíveis a se beneficiar de um tratamento precoce no futuro.
O estudo
Os pesquisadores analisaram 1.230 pessoas com 70 a 89 anos e pediram-lhes para fornecer informações sobre o que comeram no ano anterior.
Entre esse grupo, apenas 940 pessoas que não apresentaram sinais de comprometimento cognitivo foram convidadas a retornar para acompanhamentos a cada 15 meses.
No quarto ano do estudo, 200 dos 940 estavam começando a mostrar comprometimento cognitivo leve, como problemas de memória, linguagem, pensamento e julgamento.
Em comparação com os 20% de pessoas com o menor consumo de carboidrato, os 20% com o maior consumo tinham um risco 3,68 vezes maior de apresentar TCL.
Por dieta rica em carboidratos, os pesquisadores consideraram alto consumo de alimentos ditos carboidratos complexos (arroz, pão, massas, cereais), que o sistema digestivo transforma em açúcares, e de carboidratos simples (frutas, legumes e produtos lácteos, por exemplo).
Já as pessoas cujas dietas eram mais ricas em gorduras “boas”, como as encontradas em nozes e óleos saudáveis, eram 42% menos propensas a ter disfunção cognitiva. Aquelas com uma alta ingestão de proteínas (como carne e peixe) tiveram um risco reduzido de 21%.
“Se nós pudéssemos impedir o desenvolvimento de TCL, talvez pudéssemos impedir as pessoas de desenvolver demência. Uma vez que a pessoa chega ao estágio de demência, é irreversível”, disse Rosebud Roberts, principal autora do estudo.
Carboidratos = inimigos?
Segundo Roberts, uma alta ingestão de carboidratos pode ser ruim porque eles impactam o metabolismo da glicose e insulina.
“Açúcar abastece o cérebro, portanto a ingestão moderada é boa. No entanto, níveis elevados de açúcar podem impedir o cérebro de utilizá-lo como combustível, semelhante ao que vemos com a diabetes tipo 2”, explica.
Os níveis elevados de glicose podem afetar vasos sanguíneos do cérebro e desempenhar um papel importante no desenvolvimento das placas amiloides beta, proteínas tóxicas para a saúde cerebral que são encontradas nos cérebros de pessoas com Alzheimer, e que podem ser a principal causa da doença.
*Matéria publicada no site Hypescience